Do lado de fora da janela
do quarto de Alana a noite agourenta dava mostras de que algo ruim estava prestes
a acontecer. A escassa luz da lua, já desaparecendo por detrás das nuvens
pesadas, não conseguia afastar a escuridão que envolvia as árvores grandes que
pareciam figuras monstruosas velando a casa vazia e toda apagada da moça.
Uma sombra vinda de algum
lugar umbrático se espichava aumentando as trevas que envolviam o contorno
pálido do sobrado branco. Não havia ninguém nas proximidades para perceber o
que estava acontecendo, como sempre, a rua onde ficava a casa de Alana estava
vazia, não havia carros, nem pedestres e as casas mais próximas ficavam há,
pelo menos, cem metros.
Não era possível ver nada
mais, não que Lana tenha ido olhar na hora de se deitar, mas se fosse não teria
condições de ver sequer as luzes dos postes. Nada se movia, apesar do vento que
uivava fraco na janela, apenas uma silhueta escura deslizava entre as varandas
do segundo andar. Uma silhueta negra como a noite, maleável e pegadiça como
aquele ser simbionte que possuiu a roupa do homem aranha. No começo tinha forma
de uma pequena mancha cor de petróleo, depois passou a uma forma alongada como
a de um lagarto negro reluzente, depois maior, como de um felino de médio porte
de pelagem lustrosa e fúnebre, até passar para a forma humana, mantendo-se
flexível, ágil enquanto se esgueirava traiçoeiro pelas redondezas da janela do
quarto da moça.
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