terça-feira, 24 de abril de 2012

O evento da Liter Arte na última sexta foi um sucesso. Tive o prazer de participar expondo o livro OCULTOS ao lado de autores consagrados. Companheiros de pena participaram de uma mesa redonda, discutindo a arte paranaense. Houve música, poesia e exposição de quadros. Tudo buscando levar a arte paranaense ao conhecimento de todos.
Foi ótimo. Desejo sucesso aos organizadores e dou-lhes mais uma vez os parabéns pela iniciativa.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

OCULTOS - A insígnia da estrela nas trevas




... Abayomi corria pelo quarto, se arrastando pelas paredes, acuada como uma presa fugindo de um predador dentro da jaula, subindo e descendo dos obstáculos, cama, criado mudo, pufe, tropeçando e caindo algumas vezes. – Afaste-se, saia de perto de mim. – Ela gritava enquanto corria. Cortes nos braços e no colo escoavam filetes de sangue grosso, licoroso, ensopando as poucas peças de roupa que vestia, apenas a parte de cima de um pijama de cetim rendado e uma calcinha de lycra branca. – Afaste-se, vá embora... – Ela ordenava incisiva para o vazio do quarto. Os músculos retesados de quem se contrai de pavor. O rosto negro, sempre tão bonito e bem cuidado, o cabelo tão bem arrumado com seus cachos grossos definidos, agora eram retratos do pavor da mulher, pele oleosa, cabelos arrepiados e jogados sobre o rosto desfigurado.
O cheiro do sangue misturado ao suor da mãe enjoou Zarina, enquanto tentava acalma-la mais uma vez. - Não tem ninguém aqui mamãe. – Estendeu os braços tentando abraça-la, mas Abayomi se esquivou.
- Eles estão perto, muito perto, muito perto... – Repetia sem parar, com os olhos arregalados, como se enxergasse algo muito ruim.
Os olhos redondos como duas pérolas negras opacas e profundas como a noite pareciam querer expor o horror que apenas Abayomi via. A boca carnuda com os lábios secos estava entreaberta adaptando-se à respiração acelerada, deixando à mostra dentes perfeitamente brancos e alinhados, mas trincados pelo pânico. A pirâmide nasal, ladeada por narinas absurdamente infladas desfigurava a simetria do rosto alongado e magro da mulher, que mantinha aquela trajetória de agonia e medo.
- Quem está chegando mamãe? – Zarina conversava, tentando parecer meiga, tranqüila, sem nenhum sucesso.
- São eles, os Obayifo, os seres das sombras, eles estão vindo, fuja, fuja.
- Isso não existe mamãe, esses seres são frutos da sua imaginação.
- Você não entende. – Abayomi segurou o rosto da filha com força e a encarou. - Temos que nos proteger, eles estão vindo, estão perto, cada vez mais perto, cada vez mais perto.
Os olhos arregalados da mulher giravam de um lado para o outro, amedrontados, ou mais do que isso, alucinados. Zarina desejou saber que tipo de criatura a mãe estava enxergando, quais as alucinações que a atormentavam dessa vez. Pensou que gostaria de enxergar o mesmo naquele momento para ver se era capaz de ajudar. Abayomi voltou a circular pelo quarto, resmungando alguma prece desconhecida, algo em uma língua que Zarina jamais ouvira e que nem sabia que a mãe falava.

terça-feira, 17 de abril de 2012

ENTRE OS MUITOS SEGREDOS, HAVIA UM QUE SÓ ELES CONHECIAM: O AMOR E A PAIXÃO QUE OS ATRAÍA



Alana é uma jovem de dezessete anos apaixonada pelo astro da TV Thom Rigs, um jovem ator de sedutores olhos verdes que vive, na tela, o papel do vampiro Patrick.

Após conhecê-lo melhor, em uma visita ao set de filmagens, descobre que Thom guarda segredos capazes de colocar a vida de ambos em risco e também a de quem deles se aproxima.

Mesmo diante da realidade obscura que se desvenda, eles não têm forças para lutar contra a atraçãp que sentem um pelo outro, deixando-se seduzir em uma relação de amor e medo.

Mágoa e desejo de vingança levam seres ocultos até o casal, que se vê envolvido em uma trama sobrenatural que pode mudar o destino deles.

Nesse thriller, a autora criou cenários de paixão e ódio que envolvem os personagens até o desfecho surpreendente. Surpresas e emoções novas, de tirar o fôlego, aguardam o leitor a cada novo capítulo.

sábado, 7 de abril de 2012


Do lado de fora da janela do quarto de Alana a noite agourenta dava mostras de que algo ruim estava prestes a acontecer. A escassa luz da lua, já desaparecendo por detrás das nuvens pesadas, não conseguia afastar a escuridão que envolvia as árvores grandes que pareciam figuras monstruosas velando a casa vazia e toda apagada da moça.

Uma sombra vinda de algum lugar umbrático se espichava aumentando as trevas que envolviam o contorno pálido do sobrado branco. Não havia ninguém nas proximidades para perceber o que estava acontecendo, como sempre, a rua onde ficava a casa de Alana estava vazia, não havia carros, nem pedestres e as casas mais próximas ficavam há, pelo menos, cem metros.

Não era possível ver nada mais, não que Lana tenha ido olhar na hora de se deitar, mas se fosse não teria condições de ver sequer as luzes dos postes. Nada se movia, apesar do vento que uivava fraco na janela, apenas uma silhueta escura deslizava entre as varandas do segundo andar. Uma silhueta negra como a noite, maleável e pegadiça como aquele ser simbionte que possuiu a roupa do homem aranha. No começo tinha forma de uma pequena mancha cor de petróleo, depois passou a uma forma alongada como a de um lagarto negro reluzente, depois maior, como de um felino de médio porte de pelagem lustrosa e fúnebre, até passar para a forma humana, mantendo-se flexível, ágil enquanto se esgueirava traiçoeiro pelas redondezas da janela do quarto da moça.